ECOPISTA RAMAL DE MORA

Este antigo ramal ferroviario que percorre 3 concelhos alentejanos , Evora , Arraiolos e Mora , foi convertido em Ecopista na sequência de um protocolo celebrado entre a REFER , proprietária do Ramal desactivado e as 3 câmaras Municipais com vista é integração da mesma na rede nacional de percursos cicláveis e pedonais , tal como promover a recuperação de património histórico em mau estado de conservação.
O Ramal de Mora era uma linha ferroviária Inaugurada em 20 de Abril de 1907 , inicialmente entre Évora e Arraiolos, este ramal depressa se estendeu até Mora, tendo ficado concluído em 11 de Julho de 1908. Em 1972, existia uma ligação em cada sentido. O comboio partia de Évora às 11:30, chegava a Mora às 13:25 e regressava às 13:50. O tempo de percurso era de 2 horas (para percorrer os 61 kms do ramal).

A circulação de passageiros neste ramal era assegurada pelas automotoras Nohab , entradas ao serviço em 1948 e renovadas na década de 80.
Infelizmente este ramal nunca teve muita procura quer de passageiros, quer de mercadorias, tendo sido encerrado em 1987 e desde então ficou completamente ao abandono.

Nesta presenta data e após ter sido celebrado o protocolo entre a REFER e as 3 câmaras e tendo estas recebido os Fundos do FEDER  , é lamentável ver que EVORA e ARRAIOLOS fizeram a sua parte recuperando a parte do Ramal que passa nos seus concelhos , mas MORA que ainda por cima é quem dá o nome ao Ramal , sabe-se por portas e travessas que DESVIOU os fundos do FEDER destinados a esta Ecopista para construção do Fluviário de Mora , tendo neste tema , literalmente “cagado” para o protocolo que assinou prejudicando assim gravemente todos os ciclistas ou pedestres amantes desta nova forma de “Turismo” que são as Ecovias ou Ecopistas.   Pior que a parte do Ramal pertencente á REFER no concelho de Mora está a ser USURPADO pelos proprietários de terrenos circundantes , que o estão a fechar com redes e portões impossibilitando a passagem a quem deseje efectuar todo o trajecto. Lamentável de facto e Vergonhoso.

Mas vamos aos dados deste percurso:

Este ramal tem o total de 62Km , cerca de 40 na Ecopista propriamente dita e uma altimetria que no sentido Evora – Mora ronda os 300m.

Agora o Foto-Report:

A primeira estação deste Ramal que se inicia no Bairro do Chafariz d`el Rei , Leões PK 119 ,que estava junto á fábrica do mesmo nome.

Os primeiros Km da Ecopista em piso de asfalto.

Uma casa de guarda de passagem de nivel em bom estado de conservação.

Ao fim de meia duzia de Km o terreno passa a estradão de terra em bom estado.

A estação de Louredo PK 123.

Outra vista da estação do Louredo.

Vestígios do antigo caminho de ferro neste cruzamento com uma estrada secundária.

 O percurso é muito agradável de fazer tal a beleza do enquadramento com a paisagem alentejana

Chegada a um túnel que se situa sob a esquerda

Uma ponte.

Mais uma casa de guarda da via em muito mau estado.

A chegada á estação de GRAÇA DO DIVOR , PK130

Mais algumas vistas da estação de GRAÇA DO DIVOR.

E lá se seguiu caminho passando por mais uma antiga infraestrutura da CP

Ainda são visíveis no chão os restos das antigas travessas de madeira onde assentavam os carris.

E a partir daqui entrava-se no concelho de Arraiolos.

Arraiolos teve as partes mais belas e onde o contacto com a vida animal foi fantástico , tal o cruzamento em plena ecopista com Lebres , Saca-rabos eram aos montes , milhafres , num local passei por uma enorme aguia com uma envergadura de asa sem exagero de prai 1,5m que levantou a poucos metros de mim e foi á minha frente a uns 3 ou 4 metros por alguns segundos até que esvoaçou para fora da via.

Até parecia que se tinha recuado no tempo

A chegada á estação de Arraiolos , PK 141

Mais vistas da estação de Arraiolos.
Apenas um senão , ao estilo de aviso para os ciclistas , o Chão da antiga estação está cheio de papelinhos dos Geis e das barras energéticas , tal como os vasilhames dos Powershots .  Algum respeito pelo meio ambiente é necessário e o bolso que trouxe os geis ou as barras inteiros , com toda a certeza pode levar de volta o que sobre , e ainda por cima pesa menos ao regressar do que o que pesava antes de ser consumido.

E lá se continuou passando por antigas placas de sinalização

Nas bermas ainda se vão encontrando restos das travessas de madeira

Continuando pelo concelho de Arraiolos

Mais um vestígio da antiga infraestrutura

A chegada a uma belissima ponte

Mais imagens da mesma ponte.

Mais á frente , outra das várias pontes sobre caminhos rurais

A beleza desta parte mais rochosa do percurso

Chegada a outra ponte sobre um ribeiro

Outras vistas desta Ponte

Chegada á estação de Vale de Paio , PK 148

Mais vistas da Estação de Vale de Paio.

E continuando , aparecem mais vestígios da antiga linha ferrea

E chegamos á fronteira de concelho de Arraiolos com Mora e a partir daqui o ramal entra em terrenos de vacarias onde existem muitos animais á solta e em plena via , o que causa perigo para quem por lá tentar circular. Mais á frente o acesso está fechado com portões de rede e o troço do Ramal está em muito mau estado  o que impossibilita a passagem.

É com muita pena que temos de fazer vários Km por estrada até perto da EPAC e da antiga estação de Pavia

Apenas os ultimos 2Km a 3 Km antes de Pavia são cicláveis , entrando no acesso á Herdade do Val Poço consegue-se chegar ao traçado do Ramal e concluir esse pedaço até á estação de Pavia.

Chegada á antiga estação de Pavia , PK 159 , com os celeiros da EPAC á esquerda.

Mais vistas da estação de Pavia , a partir daqui e até á próxima estação ( Cabeção ) tem de se ir por estrada devido ao quase desaparecimento do Ramal , tomado pelos proprietarios vizinhos que usurparam os terrenos da CP / REFER e os vedaram com redes

Chegada á estação de Cabeção , PK 167

Mais vistas da estação do Cabeção , e o troço do antigo ramal desapareceu , lavrado pelos proprietarios que estão a utilizar o terreno que não lhes pertence.

Um pouco mais á frente , mais uma imagem da Vergonha que está a acontecer no concelho de Mora , os Chicos espertos proprietários de terrenos vizinhos , roubam o terreno que pertence á história dos caminhos de ferro Portugueses e vedam-no com rede para impedir o acesso. Lamentável de facto.

Chegada á ultima estação deste Ramal , a Estação de Mora , PK 176

Ultimas imagens da Estação de Mora , e um voto final de que a Câmara de Mora tenha juizo e já que recebeu o dinheiro para a recuperação deste Património da História de Portugal , que faça o que lhe compete , pois para aparecer nas fotos da assinatura dos Protocolos e para receber o Guito , estiveram de pescoço esticado e de sorriso nos lábios e depois é o que se vê e se sabe.

Gostei imenso desta experiência , pelo menos da parte em que se usufruiu do antigo trajecto , e onde as belissimas vista , o enquadramento com o cenário alentejano e a muitissima vida animal com que nos cruzamos é uma delicia para os amantes do contacto com a natureza.
Espero um dia tornar a repetir esta Ecopista , mas Oxalá nesse dia já tudo esteja finalmente recuperado e seja possivel fazer os cerca de 60Km do trajecto pela via original , tanta vez percorrida pela velha automotora noutros tempos.

Posted on 12 de Junho de 2012, in Aventuras and tagged , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Bookmark the permalink. 11 comentários.

  1. Um excelente e desafiante Foto-Report. Parabéns.
    Cumpts.

  2. Olá,

    Agradecia que corrigissem o link para o site Ciclovia, que se encontra na coluna do lado direito, para http://www.ciclovia.pt

    Obrigado,

    Vítor Rodrigues

  3. Gostava de vos pedir autorização para utilizar algumas das vossas fotografias no site Ciclovia (www.ciclovia.pt).

    Cumprimentos,

    Vítor Rodrigues

  4. Excelente trabalho! Agradeço a sua divulgação, que vou já partilhar.É vergonhoso o que foi feito com este projecto, e espero que um dia os responsáveis do município de Mora sejam apresentados à justiça. Num concelho com desertificação acentuada, esta poderia ser mais uma forma de combater essa desertificação e isolamento. É pena mesmo…

  5. Obrigado por partilhar este percurso. Tentei fazer os 40 km com um amigo. De facto, a partir da Estação de Vale de Paio torna-se impossível prosseguir – terrenos vedados e vegetação densa.

  6. Fernando, muito obrigado pela partilha. Graças a ela, resolvemos aventurar-nos por esta Ecopista. Resumo em http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=9229190.

  7. Gostaria de fazer esta viagem será que a ecopista a partir de Mora já está arranjada ou vou ter que ir por estrada?

  8. Excelente! E a verdade acima de tudo, as autarquias envolvidas (especialmente a de Mora) são, neste assunto, claramente incompetentes e faltam ao cumprimento das regras e da lei. Esta ecopista podia, repito, podia ser um trunfo gigantesco para o desenvolvimento turístico de regiões que tanto precisam de desenvolvimento ( do bom) e de emprego. E as Câmaras estão a dormir ou a gastar tempo e dinheiro em coisas de discutível interesse… e esta ecopista abandonada e, como diz o autor da belíssima reportagem, sujeita ao abuso executado por proprietários menos escrupulosos. O que vale é que a justiça virá, mais dia menos dia, o problema é que tarda…

  9. Muito obrigada pela excelente reportagem.
    Desde que foi publicada até hoje já houve mudanças nas autarquias. Será que temos a ecovia completa?
    Se não temos, há que mobilizar a malta, se os cidadãos não exigem, os problemas alastram-se sem solução. Estou pronta para começar a campanha 😃
    Gostaria de fazer esses 60 km pelo Alentejo.

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